Como alguns já sabem, somos descendentes de italianos e uma das   

características marcantes nas nossas famílias e na maioria das familias italianas , são os almoços de domingo. Lembramos de quando éramos pequenos e chegávamos no domingo logo cedo para o almoço na casa da nonna. Ao entrarmos, víamos aquela senhora sorridente nos convidando para ajudar a fazer o que ela sabia fazer de melhor, o macarrão. Ficávamos ali mesmo na cozinha, mais atrapalhando do que ajudando, mas a nonna, feliz por ter os netos ali pertinho, fazia como ela dizia “fita di niente” (como se não fosse nada) e sorrindo nos dava um punhado de farinha e um ovo para fazermos uma mistura que no final virava massa de macarrão (la pasta), e para nos deixar felizes, colocava uma máquina de macarrão com manivela onde abríamos aquele pouco de massa.

 

Enquanto isso a nonna já estava produzindo uns 10kg de massa e estava abrindo tudo no rolo de madeira enorme chamado “mattarello” que ela trouxe da Itália, acho que era o mesmo que ela usava pra bater na cabeça do nonno quando ele fazia alguma coisa errada, não sei não, mas ele ficava “pianinho” quando ela estava com o rolo na mão.

 

Ficávamos escondidos em baixo da mesa roubando os cappelletti bem pequenos que ela fazia. Adorávamos  comê-los assim crus, e roubados eram mais gostosos.

A cozinha tinha um aroma especial de molho de tomate, que estava sendo cozido desde as 7 horas da manhã, e somente às 11 começava a ficar pronto. O cheiro mesclava com um assado de carne, às vezes frango e as “bracciolas no molho”, que o gosto ainda fica na memória.

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Enquanto a cozinha estava a todo vapor, a criançada saía para o quintal, e deixava os afazeres para se divertir nos pés de pitangueiras e outras frutas da estação, no jardim da nonna. Lembro das flores e plantas que ela cultivava, era tudo com muito carinho e dedicação.

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As meninas iam regar o jardim e cuidar das plantinhas e os meninos, iam brincar com as ferramentas do nonno, que ficavam na garagem, bem na frente do Aerowillys prateado que ele tinha comprado. Era uma farra!

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Lá pela hora do almoço, já com a mesa posta do lado de fora da casa, já estava toda a família reunida, ali mesmo no jardim, em volta de uma grande mesa debaixo daquela copa de árvore enorme que fazia uma deliciosa sombra.

Ali estavam os  tios, tias, pais e também a nonna e o nonno. Tinha sempre uma namorada de um primo mais velho que era linda, só não dava pra entender (naquela época) porque era sempre diferente toda semana, a nonna sempre reclamava com ele!

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Todo domingo era uma festa, todos falavam ao mesmo tempo e quem via de longe achava que estavam brigando, pois falavam alto e gesticulavam, mas na verdade era apenas o modo carinhoso de dizer somos da mesma família e nos amamos muito. Só ficavam quietos quando a nonna colocava aquele pratão de macarrão com molho na mesa e todos começavam a comer, dava até para escutar os pássaros nas copas das árvores.

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O nonno, sem os pais saberem, é claro, nos dava vinho em um copo de vidro e ficávamos achando que estávamos bebendo com eles e que já éramos adultos, o que não sabíamos era que ele colocava 2/3 de água, 1/3 de vinho e açúcar e então falava que era o mesmo que eles estavam tomando.

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Na mesa era assim, tinham as massas, as carnes, o vinho, água e um suco de uva. Não existia refrigerante nem cerveja. Isso não combinava com aquela comida tão gostosa, cheia de molho e queijo derretido.

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No final, a nonna trazia uma travessa com um doce chamado tiramisù, receita da familia da Italia. O doce tinha um café especial que fazia jus ao nome “TIRAMISÙ” que quer dizer “eleva-me”. O café fazia a sua parte e a criançada não descansava nem um minuto.

 

E antes de saírem da mesa (os adultos, pois as crianças já estavam brincando e fazendo confusão), o nonno servia um delicioso licor de limoncello super gelado.

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